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sábado, 24 de dezembro de 2011
Resumo da Ópera.
Tudo o que se fala a respeito do mercado não vale nada se não estiver desenhado no gráfico. Lá vemos todas as esperanças para o futuro e em que pé estamos no momento.
Por isso não adianta falar o que a gente espera do futuro, ele vai acontecer segundo a vontade do dono.
No entanto, há fatos econômicos que não podem ser ignorados e vocês devem saber que a crise na verdade mal começou.
A crise de que falamos não é uma queda das bolsas, essa está acontecendo e estamos nos suportes dos preços.
A crise que se avizinha é uma crise na economia real, que durará muito tempo e que será de difícil recuperação já que é uma crise entre economias globais.
No momento a única coisa que todos os economistas concordam é que é preciso que os países sejam mais competitivos e para isso precisam desvalorizar suas moedas. Isso vale para todos, mas no Brasil a política econômica faz o contrário, como sempre estamos na contramão da historia.
O país está se segurando com a valorização do real, mantendo a inflação baixa e destruindo o parque industrial para os pequenos empresários, sim, pois os grandes apenas mudam suas fabricas para a China ou têm mercado garantido. Por enquanto tudo está indo bem, segundo a propaganda do governo.
Todos os brasileiros acham, sem a menor dúvida, que o mercado interno irá se sustentar e que isso fará a nossa economia crescer por causa da Copa de 2014 e, de lambuja, vamos esticar o crescimento até 2016 com as Olimpíadas. A corrida ao trabalho no país é mesmo grande e estamos a pleno vapor. Dizem.
As evidências gráficas mostram outra coisa.
Primeiro vamos esclarecer que gráfico é esse.
Esse gráfico é o espelho do Índice futuro Bovespa. Não é o gráfico da Bovespa e sim o gráfico do ativo que faz o hedge das ações que compõe o índice Bovespa. É um gráfico que pertence a uma commodity que é negociada na BM&F e essa commodity é a moeda real, a nossa moeda. Esse gráfico retrata a nossa moeda e, portanto a nossa economia. Não se trata, porém de um gráfico que faz frente à outra moeda, como o dólar ou o euro.
Como podem ver estamos em uma tendência muito forte de queda desde 2008, início da crise.
A próxima figura ilustra a cadeira onde os trades, isto é, esse pessoal que entende pacas de bolsa de valores está sentado desde 2008.
Esse é o banquinho do daytrader.
Eles teimam em ficar comprados em carteiras enormes com 18, 20, ou mais ações. Montam um índice e vão levando sua varinha costumeira dia após dia.
Os preços nesse gráfico acima indicam que estão perto dos suportes. Ora, é claro que quando chegarem a testar o suporte vamos ter um repique forte que mostrará toda a força que o mercado não tem.
O problema é que nesse nível de preços, e com o desespero que está tomando conta do mercado, por causa da dívida soberana dos países da Europa que estão no Euro uma moeda que não pode ser desvalorizada ao feitio do Delfim Neto.
A competitividade desses países vai cair à zero, os orçamentos serão apertados ao máximo e um ajuste recessivo deverá acontecer para salvar a moeda. Com essa receita daqui a uns 15 anos deveremos estar de volta aos bons tempos.
Ou farão o contrário. Eles vão mesmo destruir a moeda monetizando a dívida e a inflação fará o resto.
Caso isso aconteça o Brasil irá precisar de muita grana para comprar os euros e dólares que virão para cá fugindo da crise européia. Teremos reservas muito superiores a 600 bilhões de dólares e seremos, segundo o governo, o país que sobreviveu à crise.
O custo disso para o brasileiro será alto. Nossa indústria desaparecerá, e com ela os sindicatos industriais e principalmente os empregos. Estou ansioso para ver tal coisa acontecer.
De qualquer forma os bancos têm de receber o dinheiro emprestado, ou os contratos não valerão mais nada e ai salve-se quem puder. Como essa grana é uma cifra impagável em curto prazo, e a bancaiada não quer rolar mais essa grana a custo baixo, preparem o bolso.
Para as bolsas tudo não passará de ir para cima ou para baixo.
Para cima se monetizarem a dívida, isto é, lançarem o QE3, QE4, QE5, QE6... QE556.
Para baixo se resolverem pagar a danada da dívida, e ai esse para baixo terá um final.
No caso da monetização da dívida, quando lançarem a âncora cambial para conter a moeda da desvalorização, o para baixo terá seu final na sala do inferno.
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