A dívida de um é o ativo do outro.

 E assim está construída a dívida mundial.

 Quando se trata de coisa pouca, como a dívida dos brasileiros inadimplentes, devedores das prestações das lojas, que por sinal cobram juros acima de 200% ao ano para vender um carro, ou uma TV, tudo bem, estamos falando de coisa pequena.

Mas quando a coisa se trata de papagaios hipotecários nos EUA somados aos da Europa, o balanço dos bancos “grandes demais para falir” a estória não pode ser contada às claras para o público.

No Brasil banqueiro aprendeu recentemente, com a inflação galopante no país, quando até boi foi sequestrado, que se não for forçado pelo governo, banqueiro não empresta dinheiro ao povão. Não tem a menor confiança no povo brasileiro.

Banqueiro aqui empresta dinheiro ao governo, este sim, bom pagador... Por enquanto.

Mas não se enganem; os ativos de um banco são os papagaios, que se não pagos, tem de ser, obrigatoriamente, levados à conta de devedores duvidosos, por um tempo, e depois disso levado à conta dos prejuízos.

Resumindo, conta não paga é prejuízo para banco em qualquer lugar do mundo.

Papagaio é dinheiro fiduciário, crédito concedido baseado nos depósitos à vista que o banco tem em caixa, que por sinal é também um passivo para os bancos, pois o dinheiro é do depositante. O banqueiro simplesmente faz esse dinheiro rodar e cria moeda.

No caso de calote generalizado de dívidas enormes - como no caso do mercado imobiliário americano, cujo total de inadimplência jamais foi mencionado na mídia pelo simples fato de que assustaria de modo aterrorizante a população – os bancos não têm saída a não ser pedir falência.

Isso criaria um efeito cascata de queda generalizada nos preços dos ativos da economia, exatamente o que o FED   temeu nos idos de 2008.

Mas o fato do calote ainda não foi resolvido e constata-se que os bancos ainda não receberam os papagaios, que ora dormem em outras paragens, que não o balanço das instituições financeiras particulares e sim no balanço dos Bancos Centrais, em última instancia, no seu bolso, no bolso do seu filho e do seu neto, mesmo que este ainda não tenha nascido.

 A dívida continua a crescer e o público, junto com a maioria a maioria dos analistas de mercado, acreditam que o FED controlou as coisas nos EUA e que o mercado, mesmo com os problemas na Europa, na China, e mesmo nos EUA, está retomando o crescimento

Esquecem que o mercado está perto das resistências gráficas, e que a dívida, problema que iniciou a crise, não desapareceu, mas desde 2008, triplicou nos EUA e no resto do mundo.

Posto isso meus caros amigos, não se fiem muito no que vocês estão vendo no mercado. Não há riqueza possível que se baseie em dívidas, e quando o devedor não paga o credor, ambos ficam pobres, um porque já era pobre e gastou o dinheiro do otário que lhe emprestou e o outro porque achou que o governo solucionaria tudo.

Nesse caso o governo americano está realmente solucionando o problema dos bancos imprimindo dinheiro, sem lastro, ou isso, ou falência generalizada no sistema financeiro mundial.

Não há escolha. O que se construiu depois que se acabou o padrão ouro foi um monstro de 700 trilhões de cabeças, famintas, desesperadas para não deixar a besta perder o controle.

Nesta altura dos acontecimentos o FED e o resto do mundo já sabem que não há mais volta. O mercado já é incapaz de sarar por si mesmo. É preciso continuar injetando sangue em suas veias, caso contrário, de forma involuntária, o mercado morrerá.

O FED está no processo de comprar tudo o que tem sendo vendido pela frente com dólar impresso, e vender ouro ao mesmo tempo. Ou seja, constrói riqueza em papel e entrega riqueza física para quem tem papel.

 Esse fato criado pelo FED, e a confiança que a mídia tenta passar para o público massivamente é o que mantém o mercado no nível de preços em que se encontra.

Não se esqueçam, isso não vai durar para sempre, e seja o lado que ganhar a parada, a deflação, ou a inflação, para o seu bolso não vai ser nada bom.