Do lado fiscal não há nada o que o FED possa fazer para equilibrar
a economia, isso é próprio dos políticos.
Colocado frente a um problema de inadimplência monstruoso, que
foi o processo do sub prime, o FED se viu frente a um dilema, deixar os ativos
se desvalorizarem, com o risco de um processo deflacionário que poderia levar,
e certamente levaria, à falência quase todo o sistema financeiro global, ou
pagar a conta.
Ele pagou a conta e a partir dai o mercado passou a precificar
a inflação futura.
Imprimir dinheiro desvalorizaria o dólar frente às outras
moedas e reativaria um pedaço da economia, o exportador, já que uma escolha
feita no passado pelos EUA, isto é, deixar que a economia manufatureira se
mudasse para a China, não poderia mais ser passível de retrocesso em curto
prazo.
Imprimir dinheiro também causaria a inflação, o que em
última instância anularia boa parte da dívida americana em termos correntes.
Do lado dos efeitos colaterais veio o fato do mercado indexar
a moeda às commodities.
Daí para frente toda a vez que há uma queda nos preços dos
ativos, o FED intervém com mais dinheiro. O efeito colateral do efeito colateral
foi uma guerra cambial, cujas consequências ainda não são muito claras para o mercado.
Essa politica é de longe a mais idiota e autodestrutiva
combinação de politicas monetária, fiscal e cambial já vista na historia da
humanidade.
Em meio a uma crise que se iniciou em 2008 o mercado aposta
agora que essa crise já acabou e que, com taxas de juros mantidas negativas, os
investidores, que simplesmente sentaram em cima de montanhas de pilhas de moeda
corrente e não investiram em nada nos últimos 5 anos, venham agora a fazê-lo. (Pelo
menos esse é o desejo do governo americano abundantemente explicado pela mídia)
Porém há vários limitadores nessa questão, já que os preços
das ações, e commodities parecem estar atrelados. A maior delas é o preço da
gasolina nos EUA que é tecnicamente impeditivo para que o povo consiga gastar
em outros itens de consumo.
Ao atingir um determinado patamar, o preço da gasolina nas
bombas impede o consumo e automaticamente, algum tempo depois, a confiança do consumidor
cai, o consumo idem, e o preço das ações e commodities vêm juntos, fazendo com
que o FED necessite imprimir mais dinheiro em socorro da economia.
Este ciclo afeta
enormemente a economia global, já que afeta o preço do dólar, afeta o preço do petróleo,
afeta a competitividade de outros países. Os mais fortes simplesmente adotam a
mesma politica cambial e monetária como arma de defesa, o que inflama ainda
mais os preços.
Neste momento estamos vendo uma campanha midiática de bom
humor para a economia global, mas o preço da gasolina está subindo no mundo
todo concomitantemente, junto com os preços das ações. Querem nos fazer crer
que a crise acabou e que, de agora em diante, o preço das ações vai subir. Vai mesmo,
mas sob qual fundamento? Inflação?
Inflação acaba com a riqueza do povo, das empresas, mas não
afeta os governos e países, já que um Estado não pode falir propriamente dito,
quem vai à bancarrota é seu povo.
O problema maior é que estamos vendo os preços subirem e o
desemprego indo junto, portanto não há fundamentos econômicos para que os
preços subam que não o processo inflacionário, imposto pela guerra cambial e
impressão indiscriminada de moeda.
A verdadeira escolha do governo americano foi entre a crise
deflacionária, que o Professor Mario Henrique Simonsen dizia que matava, e a
crise inflacionária, que ele dizia que aleijava.
Querem fazer o mercado acreditar que a crise acabou.
Como brasileiro que viveu o processo inflacionário por aqui
desde os anos 70/80 do século XX, afirmo sem medo de errar.
- A crise nem bem
começou.
Vamos ao futuro.
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