Que beleza o socialismo democrata. Um sistema que funciona
mesclado com o capitalismo, amigo do rei, e quando suas mazelas aparecem quem
paga, logicamente, é o povo - jamais os políticos ou os empresários que se mancomunaram
com os políticos, ou mesmo os bancos que emprestaram tanto dinheiro aos Estados
e que agora não têm como receber de volta o capital emprestado.
Há na mídia todo o tipo de falatório, todo o tipo de análise
sobre o que chamam “taxa aos depositantes” e o que os depositantes consideram
simples roubo descarado e impune de suas economias precaucionarias. Sim, estou
falando do último roubo socialista ocorrido em Chipre.
Quem aqui se lembra do dia dos 50,00 da era Collor? Você se
levantou de manhã pensando que sua vida iria ser a mesma de todos os dias
anteriores, que você poderia manter o planejamento que tinha para a vida e, de
repente, você só tem com 50,00 pilas nas suas contas bancárias.
Os brasileiros chamam isso de “sacanagem”, mas é puro roubo
do Estado, que é uma entidade vaga, não tangível, onde as pessoas do mal se
apropriam de dinheiro e poder, e nós, as pessoas do bem, votamos nesses crápulas
para que isso possa acontecer.
Os políticos tomam tais decisões na maior tranquilidade, (já
que com eles essas coisas não acontecem devido aos privilégios que mantém) na
maior cara de pau. Fazem seus discursos como se o fato de tomar o seu dinheiro
em nome do Estado fosse um ato de heroísmo, ou serviço à pátria. Justificam; ou
isso ou o caos total. São terroristas, isso sim.
Há num post abaixo no Blog Um documento construído pelo Boston Consulting Group, está
todo em inglês e se você não lê essa língua vou falar de alguns pontos
importantes sobre ele. Queria ter feito isso antes, mas o mercado esteve tão elétrico
neste domingo que demorei a me ater ao relatório do BCC.
Lá ele afirma que:
O BCC acredita que os políticos através dos Bancos Centrais –
a despeito de protestos em contrário - estão tentando resolver a crise criando
inflação porque as alternativas ou não são factíveis ou não são atrativas para
os políticos. Ele explica as alternativas.
Austeridade – fazer uma poupança precaucionaria e
parte reprodutiva para pagar a conta criada pelos gastos públicos mal
endereçados, pela corrupção, pelo simples e puro roubo do Estado, pelos
desperdícios e negociatas – isso seria uma receita para uma longa recessão e
agitação social.
Maior crescimento – isso é inalcançável por
causa de mudanças demográficas e falta de competitividade da maioria dos
países.
Restruturação dos débitos – inviável por causa
dos bancos que não estão estruturados para acatar as perdas que a medida iria
gerar.
Repressão financeira – Manter taxas de juros
muito baixas, abaixo do crescimento do PIB por muitos anos consecutivos. Isso está
sendo implementado nos EUA, mas é difícil de manter a situação se o crescimento
for baixo e a inflação também, e é isso exatamente o
que está ocorrendo no momento.
Inflação seria a opção preferida - a despeito do potencial de instabilidade econômica
financeira que ela trás e as dificuldades para as classes médias e baixa para
poupar. No entanto, apesar da tentativa de inflacionar a economia nos últimos 5
anos, isso não tem funcionado por causa da pressão da desalavancagem criada
pela crise e pela baixa demanda por crédito, fato criado pela enorme pilha de
dinheiro impresso e construído pelos Bancos Centrais. Apesar da “solução
inflacionária” ser a mais tentadora, ela pode e deve ser vista como criadora de
pressões sociais desagradáveis. Então o que os políticos e Bancos Centrais
devem fazer?
As Dívidas são o problema. Na sociedade
moderna não se pode apagar as dívidas dos balanços ou dos nomes das pessoas
associadas a elas. Se você deve, deve para sempre. Uma das maneiras de fazer
com que você consiga pagar as dívidas é diminuindo seu valor monetário, criando
inflação e mantendo a sua renda crescendo.
Como o problema é global o que deve ser feito?
Reconhecer a realidade. Vamos supor que os políticos reconheçam
os fatos (eles sabem, mas não querem tomar a atitude
politicamente errada) Partindo desse reconhecimento seria precondição
para tomar o remédio apropriado. Os problemas apontados:
Ø
As economias ocidentais, notavelmente as Americana
e Europeia, têm que resolver o excesso de débitos acumulados nos últimos 25
anos de expansão econômica baseada na expansão do crédito, e resolver o
problema da bolha imobiliária conjuntamente.
Ø
A extrema necessidade se desalavancagem nos
preços deve levar a um período prolongado de baixo crescimento, o que poderia,
dados os dados históricos precedentes, durar mais de uma década com o perigo de
se prolongar devido ao envelhecimento da população desses países.
O Gráfico pertinente a esses tópicos
está no artigo completo, é o Exibit 1.
Quanto mais os políticos e Bancos Centrais demorarem a
reconhecer suas dívidas e adiar a solução dos problemas mais profunda vai
ficando a crise e o tamanho dos problemas.
Na Europa as dívidas não são dos Estados somente, estendem-se
ao setor privado na Espanha, Portugal, Irlanda e outros países.
Os bancos na zona do Euro estão totalmente descapitalizados
e enfrentam fortes perdas nos seus portfolios de bonds, já que os Estados não
podem também pagar as suas dívidas enormes. Os Estados estão sendo forçados a
recapitalizá-los.
Há um notável “desbalanço” de competitividade entre os países,
principalmente quando a competição se dá com a Alemanha. A pré-condição para a
redução de dívidas seria a geração de superávits comerciais, o que significa redução
salarial a níveis abaixo dos Chineses por exemplo.
Reduzir os débitos se mostra
uma tarefa impossível.
Sendo assim para se reestruturar
os débitos seria preciso uma efetivação de redução do nível de endividamento de
180%%. Esse número é baseado na premissa de que os governos, as instituições não
financeiras os donos de imóveis possam juntos sustentar no máximo um debito de
60% do PIB, a uma taxa de juros de cerca de 5% ao ano e uma taxa de crescimento
de 3% ao ano. Maiores taxas de crescimento e menores taxas de juros iriam
ajudar a redução dos débitos ao longo do tempo.
Isso quer dizer,
apagar 6,1 trilhões de euros da conta das dívidas
.
Quer dizer meus amigos que
implementar tais medidas fará com que quem emprestou o dinheiro tome o prejuízo,
ou seja, se você está comprando títulos do governo, preste muita atenção com a
sua poupança imaginária.
A próxima medida é uma tarefa difícil. Os políticos já concluíram
que tem de taxar o setor privado e a população em geral. (exatamente o que está acontecendo em Chipre agora mesmo).
A
taxa necessária por país na Europa está nesse gráfico Exhibit 3 do documento
Quer dizer que neste momento os países, para melhorar o seu nível
de débitos como percentagem do PIB deve tomar da poupança ou riquezas já taxadas às
seguintes percentagens:
Alemanha 11%
França 19%
Itália 24%
Grécia 47%
Espanha 56%
Portugal 57%
Irlanda 113%
Total da eurozona 34%
UK 27%
USA 26%
A esse tipo de roubo, que vão perpetrar,
sem a menor dúvida, um dia destes, chamam de “corte de cabelo”. Aliás, o
primeiro povo a experimentar o toque do barbeiro foi o povo de Chipre.
Daí para frente o relatório nos
mostra que é impossível resolver a questão sem que se faça exatamente esse tipo
de coisa, que se fazia no passado, na Mesopotâmia, por isso o nome do relatório.
Enfim, o que se pode retirar de tal
proposição é que nada disso vai acontecer por vontade politica.
Pode acontecer
numa situação de desespero dos governos, e o fato de que não se pode mais
controlar as dívidas governamentais nos países desenvolvidos mostra que o mundo
vai virar de ponta cabeça em poucos anos.
Como não é possível também adivinhar
o futuro podemos simplesmente apostar e viver com otimismo.
Notas.
1 - Não é possível copiar as imagens dos documentos do relatório. Você tem de vê-los no próprio relatório do BCC.
2 - Os textos em vermelho são de minha autoria.
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