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sábado, 16 de março de 2013

Olhando para o mercado e vendo coisas estranhas.





Todas as intervenções econômicas têm consequências e estas acontecem dentro do tempo em que as pessoas, as empresas e a velocidade do dinheiro permitem.

O linguajar econômico nomeia as altas de preços como bolhas econômicas. Quando esses preços ficam acima da possibilidade das pessoas, das empresas e do mercado em geral de pagar pelos bens, a bolha estoura. 

Os exemplos mais recentes são a bolha imobiliária no Japão em 1990, que deixou a economia japonesa de joelhos até os dias de hoje. O valor dos imóveis no Japão, a perola econômica na época, era maior que todo o mercado imobiliário americano quatro vezes. A bolha da internet, chamada de crise .com que aconteceu devido aos preços das empresas ligadas à internet  logo no início do século e finalmente a grande bolha do Sub-Prime que engatilhou a chamada grande depressão de 2008.

Digamos que no mundo moderno, o mundo da globalização, só viu bolhas esporádicas e de determinados preços em setores também determinados acontecerem. Quando a bolha aconteceu nos EUA  no preço dos imóveis a queda dos preços dos imóveis se acomodou em patamares muito mais baixos criando a crise de 2008. A despeito de estarmos vendo uma recuperação destes preços e uma tentativa do governo de recolocar esses preços no mesmo patamar de antes da bolha estourar, os preços ainda não conseguiram tal intento.

A arma usada para que esse fato aconteça (recuperação dos preços em toda a economia) é o estimulo econômico via impressão monetária, ou seja, inflacionando os preços artificialmente. 

Essa foi a tese de Ben Bernanke, presidente atual do FED, Banco central Americano, para seu doutorado, onde defendia que a grande recessão de 1929 não aconteceria caso o governo tivesse feito emissão monetária maciça e espalhado o dinheiro de helicóptero.

A consequência de tal intervenção na economia está trazendo movimentos econômicos claros através do mundo. É evidente que qualquer economista sabe que inflação acontece quando você aumenta a quantidade de moeda não lastreada em circulação na economia. É uma função diretamente proporcional o aumento de preços, ou desvalorização da moeda, com a sua quantidade. 

Desta forma os países que obtinham o dólar para formar reservas monetárias de valor, passaram a diversificar essa poupança comprando outros ativos. Esse fato está formatando bolhas em diversos outros ativos reais, tal como o ouro, o petróleo, os cereais, as carnes, os metais em geral, ou seja, os preços do que se chama de insumos econômicos esteve subindo com energia nunca vista na historia mundial. Era costume a alta desses preços antes de uma guerra global, mas em meio à paz, é um movimento nunca dantes observado.

Nos últimos meses os governos, especialmente o americano, junto com a mídia, estão fazendo uma campanha que procura demonstrar que a crise econômica acabou.  Isso está gerando uma queda nos ativos acima mencionados e, ao mesmo tempo, uma valorização das ações.

Claro que por trás desse movimento está a emissão de U$ 85 bilhões por mês para compras de dívidas dos bancos que, por sua vez, compram ações com o dinheiro do FED e outros Bancos Centrais, por acordo tático com o FED. O fato de ser anunciado que já não há mais risco de recessão na economia americana inflama um movimento de venda nas commodities, o que, diga-se de passagem, não tem nenhum fundamento econômico, pois que nada mudou na politica macroeconômica global que mostre que as fichas da aposta dos governos saíram da mesa do jogo, isto é, os estímulos econômicos que iniciaram a alta dos ativos reais simplesmente continuam. 

Então quem está vendendo? Certamente não é a China, forte compradora de ouro, prata e outros metais, além de grãos. A queda desses preços além de contribuir para a estocagem desses produtos pela China, ainda mostra que quem vende está ficando muito mais pobre em ativos reais e muito mais rico em moeda, papel que não vai valer absolutamente nada em breve futuro.

O que se está assistindo são  intervenções econômicas cada vez mais frequentes no mercado americano, enquanto na Europa a falta de dinheiro e o acumulo de dívidas, deixa a região metida na recessão e em alguns casos na depressão econômica, enquanto as bolsas atingem novos recordes de preços.

Acontecesse tal movimentação econômica nos anos 80 e as bolsas estariam perto do zero no mundo inteiro.

Já se antevê quais são as possibilidades futuras. Há alguns países que só em 2012 compraram  534 toneladas métricas de ouro, todo o ouro minerado e mais o que qualquer outro  vendedor queira vender. Veja aqui. 


Qual seria a razão para tal movimento de compra e como se explica a alta da demanda e a queda dos preços recente?


Estão querendo anular essa lei

São coisa estranhas à lei de oferta e procura que acontecem de repente no mundo e que nada explica a não ser pura e simples manipulação econômica. No entanto essa lei continua valendo para tudo, queiram ou não nossos governantes, o que vale dizer que todas as intervenções serão devidamente desmanteladas ao seu devido tempo.

Em algum momento no futuro o FED vai ter de parar de intervir na economia. Diz ele que faria e fará isso caso: a inflação mostre suas garras acima das metas planejadas, 2% ao ano, ou quando a taxa de desemprego na economia esteja abaixo de 6%.

Quanto à taxa de desemprego para que ela atinja os valores requeridos poderemos ter de esperar até dezenas de anos e não ver acontecer, assim como podemos ter uma aceleração econômica forte e esses 6% de taxa de desemprego acontecerem em alguns meses apenas.

Na verdade essa é apenas uma aposta, não uma certeza no tempo. O que é certo, porém é a desvalorização da moeda dólar ao longo do tempo, à despeito dos EUA serem o único que podem imprimir a moeda. A inflação virá e a formatação de uma bolha geral em todos os preços é liquida e certa. essa é a  condição sine qua non do sistema de moeda fiduciária.

O que o mercado teme, e com razão, é o momento em que o FED pare a politica de afrouxamento monetário. Não importa muito a razão pela qual esse fato irá acontecer, mas ele acontecerá eventualmente e o mercado sabe disso.

Se o FED parar de comprar a dívida americana, já que a demanda por esses títulos caiu e a oferta continua subindo, pois que não se diminuiu gastos correntes nenhum, e a intervenção nesse mercado acabar, a lei acima mencionada, oferta e procura, voltaria a funcionar nesses preços (que no caso é a taxa de juros da economia).  O mercado nesse caso passaria a cobrar pesados juros continuar mantendo o financiamento dos gastos públicos do Estado americano.

Segundo o FED, isso não irá acontecer jamais. Como se o FED tivesse o novo poder de manipular as leis da natureza e acabar com a lei da oferta e procura e a seguir com a lei da gravidade ou podendo então, quem sabe, manipular o tempo e o espaço.

O FED está, portanto, inflamando uma bolha, o preço da taxa de juros, de forma continua e segundo ele, irreversivelmente. quando essa bolha explodir, e não será um estouro simples, mas uma explosão nunca vista na historia da humanidade, ela certamente acabará com o sistema vigente.







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