A
retratação.
Ao
longo dos anos um número de economistas e cientistas políticos tem visto o erro
em seus caminhos e têm se retratado. Em meados do século IXX o pensador britânico
John Stuart Mill mudou sua ideia sobre a questão da divisão de salários industriais.
A minha contribuição econômica hoje em dia dificilmente alcança a contribuição
dada por Mill, mas eu passei minha vida adulta ponderando os vínculos entre a
economia e os mercados. Contudo, recentemente eu percebi que eu estava errado
no mais básico entendimento que fazia da questão. Assim para a edificação de
meus leitores mais jovens e possivelmente para as futuras gerações, eu compus
esse único documento para tentar explicar a reviravolta de meus pensamentos.
Aos meus algozes espero que este artigo prove que eu deixei para trás meus
pensamentos impuros e o raciocínio incorreto.
Esta
retratação terá a forma das principais lições aprendidas.
1.
As agências governamentais e o governo
aloca o capital muito melhor do que o setor privado.
Nós mudamos para um novo mundo onde não
é mais necessário que o mercado decida as taxas de juros de curto, médio ou longo
prazo e, por conseguinte, a taxa de cambio.
Este feliz estado de coisas se iniciou
no ano de 2000, com a adoção do Euro, e se intensificou em 2002 quando as taxas
de juros nos EUA se tornaram negativas.
Dado o massivo sucesso dessas medidas,
as autoridades resolveram expandir seus horizontes para controlar todo e qualquer
preço problemático, tais como salários, seja para controlar ou corrigir os
efeitos deletérios tais como taxá-los se forem considerados excessivos, (a
França acaba de instituir nessa questão a proibição de salários altos e
equalizou para baixo toda a renda da população.) ou fixando um salário mínimo (afinal
não se pode trabalhar de graça, como acontece na China, e no Brasil com os
imigrantes bolivianos)
De uma forma por demais criativa foram
lançadas regulamentações tais como Basileia III ou Solvência II que obrigaram as
poupanças a serem investidas em “títulos das dívidas dos governos”, ao invés de
financiar os gastos com capital do setor privado.
Esse novo sistema financeiro, propriamente
guiado, significou que as poupanças do mundo foram dirigidas para os títulos das
dívidas Alemãs e Americanas, numa taxa de 50% cada desde 2002 e sua
rentabilidade superou tudo, menos o ouro, ao longo desses anos. (Nós estamos
esperando que uma nova diretiva venha em breve proibir o uso dessas relíquias econômicas
como o ouro, prata, ou coisa parecida, como reserva de valor). Um portfólio de
investimentos em títulos públicos, segundo me disseram - está ai em toda a
mídia - vai se constituir no melhor investimento que qualquer um possa fazer e, eu, claro, devo acreditar nisso.
Além do mais, o próximo passo da nova
politica, do novo normal, do novo mundo, será o controle de preços em qualquer
mercado que perca a ordenação (quer dizer qualquer mercado que ouse cair) como
o mercado de salários e ações ou qualquer outro.
E essa movimentação terrível de
capitais que vemos no mundo, em breve será controlada e colocada nas rédeas com controles cambiais e
de movimentação de capitais. Assim a carteira sugerida e emitida por essas
autoridades econômicas vão ser o investimento mais rentável num futuro previsível.
2.Os
Bancos Centrais devem controlar o preço dos ativos e impedi-los de cair.
O
problema com o capitalismo (O paradigma mais perturbador e caótico da economia
como qualquer pessoa com uma compreensão historia sabe) é que os preços dos
ativos podem ficar instáveis, subir e descer ao sabor da leitura que os participes
do mercado fazem da taxa marginal do retorno esperado do seu capital. Por essa
razão, os Bancos Centrais devem agir prontamente para diluir qualquer
expectativa numericamente inexata que surja (segundo os critérios estabelecidos
pelos governos dirigentes).
Isso
simplesmente significa que a partir de agora os preços dos ativos só podem
operar em alta e, os participantes do mercado que discordem disso, serão
dissuadidos por restrições que tornem suas atividades antissociais
proibitivamente caras (já está instituída a Taxa Tobin para transações
financeiras de venda) qualquer volatilidade inesperada será considerada
perniciosa para o mercado, portanto já está instituído que parâmetros de vendas
nos mercados serão estabelecidos.
E uma
vez que tais intervenções benignas devem expurgar qualquer risco do sistema
econômico, é justo (e lógico) impor para o capital a mesma taxa de impostos que
tem o salário. (A França acaba de fazer isso)
3. Darwin &
Schumpeter estavam errados, os criacionistas estão certos, existe esse tal de
almoço grátis.
Cheguei a pensar que o crescimento econômico emerge do processo não
planejado de destruição criativa identificado por um economista Charlatão,
Austríaco-Americano chamado Schumpeter.
Foi um mal entendido de minha parte desde que a riqueza e o crescimento
econômico, ambos, são criados “ex nihilo” por um deus benevolente chamado
“Estado”, cujo papel é o de estimular a demanda por bens e serviços que ninguém
precisa com dinheiro que não existe. Este processo, por mim ignorado durante
anos, conduz a um padrão sempre crescente de vida.
Tal verdade nos foi revelada por outro economista, desta vez não
charlatão, cujo clero é a classe de funcionários públicos, os tecnocratas, que
obedecem cegamente as ordens do Cardeal econômico Keynes. Tais “cUmpanheiros”
estão além da critica e além da justiça à medida em que abnegadamente se
esforçam para melhorar a vida das pessoas. Por sua abnegação são regiamente
pagos, se não corrompidos, como sempre de fato é a classe que se
apoia ao poder politico dominante. Qualquer questionamento pode custar caro a
uma carreira, seja ela qual for.
4. Rumo a uma nova
ortopraxia (o mesmo que ortopedia)
A promessa desta religião é que se você concordar e seguir os editos do
Clero terá uma vida próspera e feliz, para todo o sempre. E como é que o Clero
dessa nova religião mede o progresso? Usando uma medida quantitativa chamada de
PIB. O conceito de PIB nos é dado pelo catecismo keynesiano como:
“Uma mistura
dos valores e riqueza criadas pelas transações voluntárias do setor privado e
custos incorridos pelo setor público". Esses custos do setor publico estão sendo
financiados a partir de impostos e empréstimos. É um artigo de fé que qualquer
dano feiro no balanço contábil do Estado não será reconhecido.
5. As ferramentas
maravilhosas utilizadas pelo clero para fazer o PIB crescer.São duas.
Primeiro o Banco Central imprime dinheiro que é usado para
comprar dívida do governo, e, portanto financiar seus gastos, que podem ser
infinitos, tudo em nome da população pagadora de impostos para garantir seu bem
estar já que são carentes.
Alguns podem adquirir vícios mundanos e desejar comprar bens com
seu próprio dinheiro, mas felizmente os bons pastores estarão atentos,
pois sabem melhor.
Segunda, A fim de garantir o controle econômico o governo deve capturar o Banco
Central ( colocar lá um Tombini é sempre bom)
Olhando para trás, não consigo entender como eu fui apoiar um grupo
econômico que não promete o paraíso na terra e felicidade para todos
pela a eternidade.
6.Como financiar
necessidades infinitas.
Aqui é o lugar onde o milagre prometido se manifesta. O governo ordena a
emissão de infinitas quantidades de dinheiro para pagar as promessas feitas
pelos políticos à população. Em um instante a velha penúria se acaba e qualquer
impedimento à habilidade de pagar é prontamente retirado. Esse novo débito é
comprado pelo Banco Central e nenhum dano foi criado, nem agora nem nunca.
O pastor com seu cajado parte o mar ao meio, acaba com a turbulência do
mercado e baixa a taxa de juros a zero, assim não terá de pagar nunca pela
divida criada. Estamos eternamente no equilíbrio financeiro.
É de se ficar perplexo, com estou, de que ninguém jamais havia pensado
nisso, mas que ideia maravilhosa!
Em resumo, minha nova Fé pode ser entendida assim:
· O
governo na sua sapiência alocará os recursos de melhor maneira que o setor
privado e deve utilizar taxas de juros, taxa de câmbio, fixação e controle de
preços ou qualquer outro artificio que considere apto para assegurar que o
capital vá para onde ele acha que está, politica e economicamente, a verdade do
crescimento.
· A nova
função do Banco Central é financiar os gastos públicos, qualquer outra
função é considerada secundária e sem importância.
· Todo o
dinheiro pertence ao Estado, assim como toda a riqueza e, a qualquer momento, o dinheiro que qualquer
cidadão, empresa, ou seja lá qual for a entidade, tenha consigo, pode e deve ser
confiscado para pagar dívidas de bancos privados ou não, e também a dívida
publica.
· Direito
de propriedade é exclusivo do Estado.
· Como
resultado desse novo paradigma os preços de todos os ativos devem subir essa
semana e todas as subsequentes, enquanto se decreta a manutenção de todas as
impressoras de dinheiro do país funcionando à todo o vapor 24x7. Com isso qualquer problema
referente a dívidas em aberto estarão sanados e, se preciso for, aumentaremos a
totalidade do programa de compra de ativos dos bancos.
· Mais
dinheiro gera mais riqueza, especialmente no setor imobiliário. Como eu não
paro de imprimir dinheiro como é que pode o preço de ativos cair? Mais dinheiro
cria mais empregos, apesar das evidencias em contrário, o governo está sempre
certo quanto a esse fato da vida e estamos com isso gerando progresso e
felicidade.
· Bens e
serviços prestados à população pelo governo são pagos com dinheiro emprestado
ao banco central , dinheiro este que não tem valor algum e isso irá acrescentar
valor ao PIB e garantir crescimento econômico.
· Bens e
serviços criados pelo governo tem um valor moral infinitamente maior do que os
criados pelo setor privado. Deve-se comparar a utilidade social (conceito de
Lênin e Stalin) de uma enfermeira contra a mesma utilidade de um presidente da
republica (mesmo os com 9 dedos)
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